Rolim de Moura - RO, Quinta-Feira, 03 de Outubro de 2024 - 00:00

Cidade do Acre tem tremor de terra e estrondo por dois dias seguidos

Fonte: g1 AC - Em Geral - 02/10/2024 02:12:00 hrs

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Cidade do Acre tem tremor de terra e estrondo por dois dias seguidos
Reprodução

A cidade de Tarauacá, no interior do Acre, sentiu mais um novo abalo sísmico por volta das 4h20 da madrugada desta quarta-feira (2). Na última terça-feira (1º), o primeiro tremor de terra seguido por um forte estrondo foi percebido pelos moradores. Ambos foram registrados pelo Laboratório de Sismologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LabSis-UFRN) e confirmados pelo Corpo de Bombeiros e Defesa Civil do município.

A análise feita pelo laboratório aponta que às 20h42 do dia 1º de outubro, ou seja, menos de 24 horas após o primeiro abalo, foi registrado mais um sismo com magnitude preliminar de 2.2. Já às 4h21, houve outro com magnitude preliminar de 4.1. Foi justamente neste horário que a população sentiu os tremores e estrondos.

Segundo o geofísico Eduardo Menezes, do Labsis-UFRN, os abalos de menor intensidade normalmente não são sentidos em razão das profundidades, que costumam ocorrer em torno de 400 a 600 km.

"Esses de ontem para hoje foi sentido, de fato, o mais forte de magnitude 4.1. Os de menor magnitude não temos informação de terem sido sentidos, isso pode ser uma característica dessa profundidade. Se a profundidade fosse em torno de ate 15 km, para essas magnitudes menores [como a de] 2, por exemplo, seria sentido sem duvida", explica o especialista.

Além disto, ele destacou que esta área está sendo monitorada e, recentemente, foram instaladas 11 estacoes entre o Acre, Amazônia e Rondônia em parceria com a Universidade Federal do Acre (Ufac) e Universidade de Brasília (UnB) para estudos de sismos profundos.

Abalos sísmicos

O coordenador municipal da Defesa Civil de Tarauacá, João Luiz Melo Gonzaga, atribuiu os tremores à proximidade da cidade do interior do Acre com as placas tectônicas de Nazca, que se encontra no oceano Pacífico, a oeste da América do Sul, da Placa tectônica Sul-Americana, que abriga o continente da América do Sul e a parte oeste do Oceano Atlântico Sul e também da proximidade com os Andes, que foi formada por meio do embate entre os movimentos tectônicos.

"Nós tivemos em Tarauacá, o maior terremoto que o Brasil já registrou. Há relatos em 1963 e relatos em 1974. Em janeiro desse ano tivemos um tremor também e esse mês já são dois. Se a gente analisar a questão geológica, a cidade está próxima do encontro das placas tectônicas", afirma ele.

Gonzaga informa que a Defesa Civil confirmou que o tremor sentido em Tarauacá foi por conta de um um abalo sísmico que ocorreu em uma região do Chile, próxima ao Acre, com magnitude de 6.6 graus na escala Richter. "Os abalos sempre ocorrem. Uma agência de informação confirmou esse abalo que ocorreu ali na região do Chile e Tarauacá sentiu. Estamos monitorando constantemente e vendo se precisamos fazer vistoria", esclarece ele.

O coordenador diz também que esses abalos acontecem diariamente, porém são de baixa intensidade e não chegam a ser sentidos pela população. Porém, nos dois últimos dias os tremores tiveram uma força maior sendo sentido pelos moradores e causando danos a algumas residências.

"Tivemos alguns pequenos danos. Uma residência rachou o piso, algumas outras quebraram as janelas de vidro, mas o vidro por qualquer trepidação, acaba quebrando, então foram danos pequenos. Não há nenhuma vítima", acalma ele.

Ele destacou ainda que alguns moradores querem atribuir os ocorridos em Tarauacá ao sobrenatural. "É mais o disse me disse. Tem a questão da especulação religiosa. As igrejas aqui e os templos estão lotando, o povo está correndo para a igreja, acreditando que é o fim do mundo, mas aí tem que respeitar cada um com a sua ideia, com seu pensamento", diz ele.

Geofísica

O professor Dr. Romero Pinheiro, coordenador do laboratório de Geofísica Aplicada da Universidade Federal do Acre (Ufac), confirma as informações da Defesa Civil que atribui os abalos às placas tectônicas.

"Trata-se de um limite convergente com um processo de subducção, quando uma placa tectônica mais densa mergulha sob outra placa, em uma zona de convergência. As forças compressivas de convergência e subducção produzem grandes terremotos ao longo da zona de subducção. Normalmente, nos últimos anos, os eventos são profundos, em torno de 600 km, apesar de que também são registrados eventos rasos, como esses que estão ocorrendo em Tarauacá", afirma ele.

Pinheiro especificou que para os eventos rasos que são os mais esperados, acontecem até 20 km de profundidade, que é o caso dos abalos dos últimos dias. "A causa normalmente é devido sistemas de falhas ativas. Ou seja, falhas geológicas são fraturas de grande blocos [camadas rochosas]", finalizou.

O professor ainda acrescenta que os eventos profundos, provavelmente, acontecem devido à liberação de energia quando a placa de Nazca se afundam no manto [camada da Terra que se localiza entre a crosta e o núcleo]. "Algumas hipóteses dão conta de que esse mergulho seja vertical bem abaixo do norte do Acre", declara.

Falha geológica

A cidade de Tarauacá, distante cerca de 408 km da capital Rio Branco, é uma região onde abalos sísmicos não são novidades. Em janeiro deste ano, no espaço de oito dias dois tremores foram detectados no município, sendo um de magnitude 6,6 e outro de magnitude 6,5.

Ambos os abalos foram registrados por plataformas de monitoramento e tiveram epicentro a cerca de 600 quilômetros da superfície. À época, um dos tremores foi sentido até mesmo na capital acreana, e moradores relataram ver móveis de casa balançarem.

Em janeiro de 2019, os moradores de Tarauacá sentiram um terremoto que, de acordo com Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), chegou a magnitude 6,8.

Em junho de 2022, um terremoto de magnitude 6,5 atingiu a região da fronteira entre o Peru e o Brasil. O tremor ocorreu por volta de 22h no horário de Brasília, a uma profundidade de 616 km e a cerca de 111 km da cidade de Tarauacá, no Acre.

Ainda em 2022, o professor e doutor em geografia da Universidade Federal do Acre (Ufac), Waldemir Lima dos Santos, explicou que o município é o que mais registra terremotos e com grandes magnitudes no estado acreano.

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